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Crónica de 17 de Janeiro de Hélder Rebocho
Quarta, 17 Janeiro 2007
O futebol vem assumindo uma particular importância na sociedade Portuguesa, como aliás sucede um pouco por todo o mundo.
Aquilo que conceptualmente é uma modalidade desportiva transformou-se numa indústria de milhões, investida com um poder que tem tanto de desmedido como de perigoso.
Em torno desta modalidade, giram hoje interesses económicos e políticos capazes de condicionar decisões nas mais diversas áreas, com reflexos directos ou indirectos no mundo do futebol.
Do poderio desta modalidade deu origem ao nascimento de uma classe social emergente, a dos futebolistas de elite.
Os futebolistas com algum talento constituem hoje essa nova casta de milionários pagos a peso de ouro, com ordenados inimagináveis para quem trabalha ou quem tem em cima das costas o peso de uma vida de trabalho.
Alegam estes profissionais que as regalias de que beneficiam mais não são do que uma justa compensação para uma profissão de desgaste rápido que impõe a reforma perto dos 35 anos.
Pessoalmente, nada tenho contra os seus vencimentos ou contra quem lhos paga, embora os considere excessivos e injustificados.
Bom seria que todas as entidades patronais pudessem remunerar da mesma forma a maioria ou pelo menos os seus melhores profissionais.
Como facilmente se percebe, não vou aqui lançar criticas aos rendimentos do trabalho de alguns profissionais do futebol, mas antes a outros privilégios com os quais não posso concordar.
Vejamos dois exemplos.
Qualquer jogador de futebol tem direito a receber a remuneração que a sua entidade patronal lhe quiser e puder pagar, como qualquer outro cidadão, não deveriam era ter o direito de usufruir de benefícios fiscais de que os outros trabalhadores não podem beneficiar.
Porque motivo é que estes profissionais do futebol beneficiam de um regime fiscal especial que lhes permite descontar menos que os outros trabalhadores, se os seus vencimentos são incomparavelmente superiores?
O governo prometeu acabar com este privilégio, vejamos se a anunciada coragem política vai até ao fim ou se a simples ameaça de greve e de paragem dos campeonatos terá força suficiente para fazer o governo arrepiar caminho. Se assim for, será mais uma demonstração do poder do futebol, pois tanto quanto me recordo, em Portugal, as greves não costumam contribuir para a alteração de medidas já tomadas ou previstas.
Qualquer jogador de futebol tem o direito a exceder-se num jantar e a beber uns copos a mais, como aconteceu na passada semana com o jogador do Benfica, Luisão.
Não deveria era ter o direito de apenas ser condenado a 40 horas de trabalho a favor da comunidade depois de ter sido fiscalizado pelas autoridades quando conduzia com uma taxa de 1,33g/l de álcool no sangue, colocando em risco a segurança dos outros, quando qualquer cidadão que conduza com idêntica ou até inferior taxa de alcoolemia, será seguramente condenado numa pena de multa e em inibição de conduzir, mesmo que a carta de condução seja condição essencial para o seu sustento e da sua família.
Nas duas descritas situações existem dois pesos e duas medidas, a dos futebolistas e a dos outros cidadãos.
Wednesday, January 17, 2007
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