Monday, June 18, 2007

AO CORRER DO TECLADO

Quando o hábito de guardar, se transforma em mania.

- Inicialmente muitos de nós começamos a guardar coisas, para as quais destinamos um buraquinho em qualquer lado, tendo em mente um tempo oportuno, uma brincadeira ou um modo de matar os neurónios, inventando, fazendo disso uma forma de armazenagem de coisas perspectivando poupar alguns cobres, não tendo certezas de nada.
- A partir de certo momento, guardar tudo o que encontramos torna-se um mau hábito, ainda que tendo por vezes já a percepção de nunca mais conseguiremos fazer qualquer coisa de interessante ou útil. Ainda assim e a partir desse momento, não aceitamos vir a poder considerá-las lixo, sendo difícil desfazermo-nos delas por motivos vários.
- Desordem obsessiva dizem alguns, sem saberem quais os motivos aparentando doentios, nem donde provêm tais características e motivações que são realçadas por norma no final de ciclos ou calendários, onde os balanços são previstos, tais como o início ou final de férias ou trabalhos, onde as arrumações ou as limpezas são obrigatórias e previsíveis.
- O aproveitamento para esvaziar as gavetas, os cubículos, os sótãos ou as prateleiras, onde anteriormente tudo se colocava e tudo era guardado, para posterior consulta ou análise até que chegue o seu dia, á medida do amontoamento sucessivo se tornaram até numa verdadeira lixeira, onde objectos valiosíssimos se conspurcam com o pó, dando um ar inestético, de desleixo e de falta de higiene localizada.
- Este comportamento de acumular coisas, sentindo impulsos de tudo arrecadar, é muito frequente e porventura poderá estar ligado a uma desordem doentia, tal como o são os medos irracionais, a fobia dos odores no WC o que duplica o consumo exagerado de água ao puxar inicialmente o autoclismo, servir-se e puxar novamente o mesmo, a loucura do medo microbiano nas mãos, lavando-as a todo o momento, a limpeza da roupa ou da casa em permanência.
- Estigmatizar estas ocorrências indiscriminadamente, não será de bom tom, atendendo que outros haverá com as mesmas características, não podem ser consideradas doentias, atendendo que o seu espírito inventivo lhes proporciona determinada ideia que, conjugada com outros conhecimentos, poderão ser um trampolim para a obtenção de determinada conclusão ou resposta.
- No meu tempo de adolescente, acumular coisas ainda que inúteis e considerada hoje como lixo era bom, era chique, era apelidado de coleccionador, era o entretém na falta de outra actividade, não havia botões, selos, carteiras de fósforos, conchas e pedrinhas da praia, cromos dos craques futebolísticos ou dos pin’s e alfinetes de gravata que, qualquer miúdo naquela idade não gostasse de possuir, sabendo negociá-los e exibi-los para troca.
- Fazendo uma inconfidência, no final do século passado, a única coisa que pretendia coleccionar eram os Escudos, moeda essa que nos tiraram e ao custo, o meu mealheiro ostentava alguns quilos de peso, teve no entanto um percalço forçado, foi abalroado á força com a entrada do Euro.
- Para mal dos meus pecados o câmbio não resultou a meu favor, como todos sabem o custo do euro e efectuado o cambio fiquei com as mãos vazias e se a poupança já se fazia com dificuldades, neste momento e perante a carestia, é mesmo impossível aforrar qualquer pilim, com muita pena minha e o desaforo dos culpados.

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